sábado, 7 de setembro de 2013

A paz no mundo

          Chovia, uma chuva dolorida e ácida. Uma chuva de fogo e de gás. O medo e a dor se misturavam. O cheiro do sangue e da carne queimada misturava-se à fumaça e impedia qualquer outra sensação diferente de náuseas. Era madrugada, e seus pais dilacerados jaziam sob os escombros de sua pobre casa, que naquele mesmo dia, há algumas horas foi palco de sua última ceia. Não era claro ainda o que o futuro lhe reservava. Na TV, durante o jantar, um homem de pele parda ditava lengalengas em uma língua para ele incompreensível. Não parecia, mas seu futuro estava traçado. Agora, em seu desespero, não havia espaço para o pensar. Não havia relação alguma entre a TV ligada de horas atrás e a hecatombe há minutos detonada. Tudo era ácido, tudo era o agora.
O jovem Moammar ainda não sabia, e nem teria tempo de saber. Mas sua sina naquela data se uniria, e sua história se juntaria, a de muitos José’s de Granada, Mohammed’s do Irã, Fadilah’s da Líbia e Zarah’s do vizinho Iraque. Quantos Migueis de Nicarágua ou Ho’s do Vietnã tiveram seus destinos traçados por homens de pele não tão parda, mas de língua tão esquisita quanto a que ouviu durante o jantar.
Era o destino dos Moammar, ter inimigos que nem conhecia, ter ódios que nunca via. Era o fado dos Mohammed, como seu pai, morrer com os pés sujos de seu petróleo e as mão enlameadas de seu sangue. A história do mundo, ainda não sabia o jovem Moammar naquela última noite de sua vida, era escrita por homens como aquele que falava em sua TV, e não por crianças como ele. A história agora estava sendo escrita do outro lado do globo e, enquanto ele agonizava engasgando com seu sangue e com seu vômito, alguém discursava, com um Nobel a tiracolo, sobre a importância da paz. A paz! A paz para Moammar era visitar seus avós nos fins de semana, quando não tinha aulas, era correr pelos campos, com seus primos Luloah e Samir. A paz dele não era a paz que muitos queriam. A paz de Moammar não tinha as mãos sujas de sangue, mas de terra. A paz de Moammar não derivava do petróleo, mas do Sol.
Mas, naquele dia em que seu sangue valeu menos que o petróleo de seu país, Moammar caiu derradeiramente em sua terra e viu pela última vez o seu Sol brilhar.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Os boêmios paulistas de hoje e de ontem

           Que o samba nasceu lá na Bahia, todos sabem. Que foi a voz dos morros cariocas não é segredo pra ninguém. Agora, misturar samba e São Paulo, parece não dar em coisa boa, já teria alertado Vinícius.
Neste caso, as aparências enganam, e fizeram errar, o sempre preciso Vinicius. Samba e São Paulo formam uma combinação perfeita, que o digam Oswaldinho da Cuíca, Geraldo Filme e o grande Adoniran Barbosa. 
Canções como "Garoto de Pobre", Silêncio no Bexiga" e "História da Capoeira", dentre outras pérolas de Geraldo, são hoje relembradas na belíssima interpretação de Fabiana Cozza, figurinha carimbada pelos Sesc's do interior paulista. A intérprete, filha de outro ilustre personagem do samba paulista, Oswaldo dos Santos, da Camisa Verde Branco, foi eleita a melhor cantora de samba, pelo Prêmio da Música Brasileira, em 2012.
Outro grupo, que tem feito bastante sucesso no meio é o Quinteto em Branco e Preto, que têm como madrinha, nada menos que Beth Carvalho. O grupo formado em 1997, participa e é criador da Comunidade Samba da Vela, um dos mais importantes movimentos tradicionalistas do samba brasileiro, em São Paulo.
Ao lado dos jovens, e não com menos vigor, o mais antigo grupo musical em atividade no planeta, segue agradando plateias. Interpretando de uma maneira muito especial, os clássicos de Adoniran Barbosa, como "Saudosa Maloca" e "Trem das Onze", os Demônios da Garoa, completam 70 anos de existência mantendo Adoniran sempre vivo atravessando gerações.
Os Boêmios de AdoniranPor sinal, não poderia haver nome melhor para fechar este post, que Adoniran, sem dúvidas o maior gênio do samba paulista, e por que não dizer do Brasil. O mestre das histórias de cotidiano, tão ingenuamente musicadas, que parecem uma história contada a um amigo, acompanhada de um pandeiro e um cavaquinho. Aliás, é mais ou menos isto o que tem feito a Cia de Teatro Interiorando, sob a direção de Milton Machado e com texto de Juliana Lucilha. O grupo é o responsável pelo espetáculo, os "Boêmios de Adoniran", divertido e emocionante musical, construído por um enredo que une diversas canções do compositor em uma trama envolvendo oito amigos. O grupo vai apresentando os sambas em forma de histórias, nos levando direto para a São Paulo dos anos 50, a São Paulo de Adoniran.
O projeto tem percorrido o interior do estado, lotando teatros e conquistando plateias. Não é a toa que lidera no quesito "Voto popular", o Prêmio Bibi Ferreira de Teatro. Vale muito a pena conferir!
 
Um pouquinho do legítimo samba paulista de Geraldo Filme e Adoniran, e dos jovens Cozza e Quinteto em Branco e Preto:

Apaga o fogo Mané- Adoniran Barbosa (1956)
http://www.youtube.com/watch?v=z_Gp_3YbcDU

História da capoeira - Geraldo Filme
http://www.youtube.com/watch?v=jRxyNZUYS9M

Fabiana Cozza e Quinteto em Branco e Preto
São Jorge - Kiko Dinucci
http://www.youtube.com/watch?v=Tsz0V2YMV88

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O que assusta nos médicos cubanos

médicos cubanos agredidos brasilHoje poderia ser um dia normal. Não fosse o frio em Ribeirão Preto. O normal é sempre o calor. Poderia ser normal o dia pois as notícias davam conta de tragédias, feitos do esporte, curiosidades fúteis sobre famosos e críticas à classe política. Poderiam ser normais até as manifestações da classe médica contra o Programa Mais Médicos e a chegada de colegas cubanos, para ocuparem vagas em cidades nas quais os brasileiros não quiseram trabalhar. Poderia, mas não foi. Esta foto - acima copiada, - dentre comentários e repercussões não permitiram tal normalidade.
A foto, como se vê, não tem nada de especial, nela estão um homem, negro, trajando uma camisa amarela. Passa em silêncio, rosto fechado, talvez mostrando incompreensão. Ao seu lado, além do cerco de jornalistas e soldados, algumas moças, brancas trajadas da mesma cor. Não estão em silêncio como ele, mas gritam, o vaiam.
O homem, todos já devem saber, dada a repercussão da imagem, é um médico cubano com anos de experiência profissional atuando em diversos países, que chegava ao Brasil para exercer sua profissão em convênio firmado com o Ministério da Saúde. As jovens, também médicas, ao que tudo indica estavam revoltadas com a chegada de seu colega de profissão.
Diante desta imagem, a pergunta mais obvia, é por que? Por que vaiam a este rapaz. Por que tamanha fúria contra alguém que não cometeu crime algum, que não desacatou, desrespeitou ou afrontou a nenhum dos presentes. Por quê?
O caminho mais curto seria dizer que os jovens médicos, não sabendo a quem dirigir sua indignação atacavam a lança que lhes parecia ferir, buscando com isso atingir a mão de quem a manipula.
Seria a explicação mais fácil, mas não a mais correta. A verdade se esconde e se revela na própria imagem. O que o médico cubano faz é assustar!
O médico assusta pois pode provar que é possível sim melhorar a situação da saúde em comunidades carentes levando médicos, mesmo que sem as condições infraestruturas mais adequadas. O médico assusta pois carrega consigo a força de seu país, de sua ideologia, tão fortemente combatidos como anacrônicos, ineficientes, perversos. O médico assusta pois fala em solidariedade, em socialismo, quando só se fala sobre seus salários. O médico assusta por sua formação humana, clínica, por seu método de atendimento mais próximo do paciente. Nada disso aparece na foto.
Na foto há apenas um homem negro, que não é o segurança, ou o responsável pela faxina, é um médico. E isso também assusta!

Reativado!

Há pouco mais de dois anos este blog não recebia novas publicações. Não por falta de vontade em jogar no além minhas ideias, mas por um misto de escassez e mal uso do tempo, que carrega nossos dias abismo abaixo. Foram vários os assuntos que chacoalhando dentro da cabeça pediam para sair, mesmo que para ninguém ver, apenas para organizá-los e jogá-los para fora. Nenhum saiu! Ao menos até hoje. Hoje não deu, talvez pelo absurdo, talvez pela vergonha alheia, talvez pela paixão. Hoje está reativado este espaço de assentamento de ideias.

domingo, 7 de novembro de 2010

Na América, somos todos do Sul

A Europa, em especial a França, tem encontrado nos últimos anos uma dificuldade enorme em integrar sua população, segregada entre nativos e imigrantes. Mesmo com leis rígidas que buscam dificultar as imigrações, as populações de não-europeus e seus descendentes, é cada vez maior em praticamente todos os países do continente. A Espanha, por exemplo, tem criado mecanismos rigorosos para conter o fluxo de estrangeiros para dentro de suas fronteiras. O tema tem se tornado central em disputas eleitorais na região, tendo inclusive levado o líder de extrema-direita Jean-Marie Le Pen ao segundo turno das eleições francesas em 2002. Lê Pen baseou toda sua campanha num nacionalismo radical e na aversão aos imigrantes.
O fato é que, se de um lado crescem as ações governamentais visando a reduzir a entrada de imigrantes em seus países. De outro se difunde por todo o continente a proliferação de diversos grupos xenófobos, inclusive neonazistas. Estes grupos pressionam os parlamentos de seus países para que enrijeçam ainda mais as leis anti-imigração e para que considerem os imigrantes já instalados em território europeu, cidadãos de segunda classe. Para os adeptos destes grupos, os problemas vividos por seus países são reflexos do excesso de imigrantes.
Esta dificuldade em integrar suas populações torna-se ainda mais tensa quando são levados em conta os problemas sociais. Especificamente na França, é comum vermos nos noticiários as explosões sociais deflagradas nos subúrbios das grandes cidades como Paris, Marselha e Lyon. Com populações majoritariamente de imigrantes, estas regiões são as que mais sofrem com as consequências da crise econômica e do desemprego. Estima-se que cerca de um terço da população destas áreas esteja abaixo da linha da pobreza (Folha de São Paulo, 07/11/2010 – A22). Desde, pelo menos 2005, estes desequilíbrios sociais tem levado a conflitos armados entre a sociedade e o Estado. O então Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, alçou sua popularidade nesta época pela maneira como combateu os primeiros focos de manifestações. O agora presidente francês, afirmava que a origem dos conflitos encontrava-se na poligamia dos moradores destas regiões, majoritariamente africanos. Empurrando a questão para fatores culturais o Estado combateu os manifestantes com exemplar rigidez. Se não serviu para resolver os problemas sociais franceses, a conduta de Sarkozy, ampliou sua popularidade e o cacifou para assumir a presidência de seu país em 2007.
Agora, em 2010, impulsionados pela aprovação, no Parlamento Francês, de uma Reforma Previdenciária que aumenta em dois anos a idade mínima para se aposentar, os conflitos e manifestações sociais mais uma vez se acirram na França.
Especialistas na questão são contundentes em afirmar que enquanto os países europeus não substituírem suas políticas de combate truculento aos movimentos sociais por outras de cunho mais humano, as manifestações violentas não cessarão. O caminho consiste em integrar cultural e socialmente a população europeia reduzindo ao máximo a distância econômica e social que se impõe como um muro entre setores da população. A criação de canais de comunicação verdadeiramente democráticos pelos quais os marginalizados possam se expressar pacificamente é um dos primeiros passos para o fim dos distúrbios e dos conflitos.
Olhando o caso francês, é possível percebermos o quanto nosso país esta no caminho certo. Mesmo lento em sua marcha por reduzir as desigualdades regionais e sociais, o Brasil vem caminhando indiscutivelmente neste sentido. A desigualdade de renda, seja avaliada pelo Índice de Gini, seja por seu componente funcional, tem se reduzido sensivelmente nos últimos anos (Veja o post “Alguns Dados...”, neste Blog). Infelizmente, no entanto, recentemente temos ouvido o gritar estridente de vozes que tentam implantar a segregação cultural, regional e social em nosso país. Sabemos que estas vozes não estão isoladas. Basta o convívio com setores da classe média-alta paulista para percebermos que esta visão, expressa por “neofascistazinhos” em suas redes sociais, estão enraizadas em grande parte de nossa sociedade. Esta “fina flor da sociedade do sul” que tanto admira tudo que é “de fora”, talvez esteja querendo importar mais um artigo francês para nossa “pobre colônia”.
Que eles não triunfem e o Brasil prossiga e radicalize o caminho da união e da igualdade, contra a segregação e a exclusão.
Afinal, olhando do Brasil, a Europa é o Nordeste. Da Europa, nosso Nordeste é Sul. Na América, somos todos do Sul. Tudo nos une. Só nos separa a ignorância e a escuridão. 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

"Sobre menininhos e burros" ou "Viva Dilma, a primeira mulher presidente do Brasil".

Encerradas as eleições presidenciais deste ano, sai vitorioso o projeto encabeçado pelo Partido dos Trabalhadores e representado na candidatura Dilma Vana Rousseff. Sua conquista indica obviamente, como já vinha sendo demonstrado nas pesquisas de satisfação, a aprovação do governo do presidente Lula.
A vitória foi incontestável, tendo alcançado, a candidata governista, 12 milhões de votos a mais que seu adversário. Diante deste quadro, é comovente o clima de euforia em torno da eleição da primeira mulher à presidência da república de nosso país. Só por este motivo, o dia 31/10/2010 já está registrado em nossos livros de história. Mais além, no entanto, vai a forte consolidação de nossa ainda infante democracia, que irá assistir em primeiro de janeiro à segunda sucessão presidencial consecutiva envolvendo dois líderes eleitos diretamente pelo voto popular, fato quase inédito no Brasil. Lula que sucedeu FHC, agora transmite a presidência a Dilma; os três, presidentes eleitos de forma direta. Antes deles, a única vez que isto ocorreu no Brasil, foi nas sucessões entre Prudente de Morais - Campos Salles - Rodrigues Alves, no final do século XIX.
Em nome da euforia, no entanto, não se deve omitir o alto nível de despolitização que tomou conta desta campanha presidencial. Os principais temas discutidos, especialmente no segundo turno, passaram longe das necessidades mais básicas de nosso povo. Temas como aborto, supostas agressões e a fé dos candidatos não deveriam ter sido utilizados como foram. Que este mal exemplo tenha tido sua vida encerrada neste ciclo eleitoral, e que doravante as eleições tratem de temas realmente relevantes.
Em segundo lugar, outra mancha triste neste processo ficou por conta das análises altamente preconceituosas e fortemente carentes de racionalidade feitas ao calor dos resultados eleitorais. Encampadas abertamente por setores fascistas de nossa sociedade "sulista", estas análises também permeiam alguns discursos menos eufóricos, mas não menos preconceituosos de setores da imprensa, da academia e de eleitores comuns em suas redes sociais. Tais análises buscam encontrar os motivos do êxito da candidata governista numa divisão maniqueísta entre "burros" e civilizados que geograficamente se sobrepõe à divisão Norte-Nordeste versus Sul-São Paulo no Brasil. Os "burros", pobres e vendidos do Nordeste teriam eleito Dilma, contra a vontade da sociedade civilizada do Sul e de São Paulo. Minas Gerais e Rio de Janeiro, foram estrategicamente "rebaixados" à categoria de nordestinos.
Não bastasse o baixo grau de senso democrático destas análises, elas pecam também por outros fatores. Denotar como burro, um eleitor que, ao perceber sua vida melhorar relaciona tal fato a algumas ações e programas políticos de seus governantes é subjulgar o papel da política em nossa vida. Burro deveria ser chamado aquele incapaz de fazer tal relação. Aquele que ao ser contratado em um novo emprego ou ter ampliado seus rendimentos visualiza nestes fatos apenas consequências de seus méritos. Não consegue entender que se a economia estivesse mal e o desemprego em alta, por exemplo, aquela mesma empresa poderia estar falida e sua situação ser completamente diferente. Neste caso, seus méritos de nada valeriam. Burrice é não conseguir entender que o homem é um animal político e social e que indivíduos independentes e isolados só existem na abstração acadêmica. Perceber que a melhoria em sua vida tem origem na política é sinal de inteligência e não de burrice. Assim, votar na continuidade de um modelo que, julga-se, deu certo é sinal de maturidade política. Com maturidade política, não se vota em pessoas, mas sim em modelos e em projetos. Dilma é desconhecida, se expressa mal, não é carismática, nunca disputou uma eleição, mas representa um modelo que a maioria da população considera exitoso e, portanto merece ser continuado. Esta é uma análise inteligente e madura!
Por fim, e ainda no mesmo tema o mapa político construído por estes analistas apressados é falho e simplório. Dilma teve sim uma vitória consagradora nas regiões Norte e Nordeste, mas também venceu na região Sudeste, que é composta, sim, por Minas Gerais e Rio de Janeiro. Dilma teve nada menos que 10 milhões de votos em São Paulo (46%), e 7,2 milhões de votos na Região Sul do país, mais de 45%. Ou seja, praticamente a metade da população destes quatro estados votaram na candidata governista. Tal fato faz com que, mesmo que fossem excluídos os votos de Norte e Nordeste, Dilma seria eleita a presidenta deste "frio" e infeliz país do Centro-Sul. Para a sorte de todos nós, Dilma é a presidenta de todos os brasileiros e, tudo indica, manterá em marcha o aprovado modo de governar do presidente Lula, que dentre outras coisas levou a ascensão social  mais de 58 milhões de pessoas, retomou os investimentos em infraestrutura, ressuscitou a indústria naval, retirou o país da crise em menos de um ano, trouxe luz e crédito para os pequenos agricultores e encaminhou a economia nacional para um crescimento de mais de 6% no ano vigente.
O país deve continuar neste caminho por, no mínimo, mais quatro anos, pois assim decidiram os 70% de "burros" do Nordeste e os 45% de "burros" do Sul. Os 55% de "sumo-inteligências sulinas" continuarão ganhando, e muito, com a decisão dos "burros", mas nada mudará sua opinião de que seus lucros derivam apenas de seus méritos individuais.
Deixe que pensem assim, pois enquanto eles vão urrando, nós seguimos dirigindo esta carroça por eles puxada.